terça-feira, 25 de setembro de 2007
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Festival do Rio
Acabaram-se as filmagens de 174... ainda me resta muito trabalho pela frente, entrevistas, edição, acompanhar a pós, etc... mas depois de três (eternas) semanas de noturnas decidi que era hora de voltar ao cinema... à sala de cinema. Coincidentemente, no dia em que terminei, às 10 da manhã, uma diária de 13 horas, o Festival do Rio dava seu pontapé.
Desde então continuo no insuportável fuso da noite (dormindo às 8-9 e acordando 4 da tarde) e hoje nem consegui dormir, acho que bateu um cansaço maluco que faz com que as funções vitais fiquem mais malucas ainda... meu corpo doía de cansaço mas a cabeça não parava, e quando parava havia ali um inoportuno mosquito a zumbir no meu ouvida... enfim. Vamos ao festival.
Abertura, uma confusão daquelas, nunca vi uma abertura tão concorrida, quase fui esmagado na entrada. Mas deu tudo certo e então, para um Odeon abarrotado, apresentou-se o filme mais falada do ano: Tropa de Elite. Muito do que senti ao ver foi moldado por uma visão anterior do filme; não, eu não aderi à onda de pirataria, de onde nem meus amigos mais abastados escapam. Coincidentemente, durante o Bafici em Buenos Aires, meu amigo Eduardo, que pilota os fundos da Weinstein para filmes latinos (cuja primeira cria é "Tropa") recebeu o primeiríssimo corte do filme. Por ser eu tupiniquim e falar português (e ele não), chamou-me para que eu opinasse. Situação sempre difícil, pois um primeiro corte é aquela coisa. Ainda assim lembro-me de sair da sala de projeção do Malba profundamente impactado, faltava-me o ar. Sabia que havia ali algo poderoso. Muita coisa mudou, a começar pelo narrador, que deixou de ser a personagem de André Ramiro e passou a ser o de Wagner Moura. E isso não é pouca coisa... ao mesmo tempo em que tornou a trama mais clara, pode ter levantado a bandeira que um punhado de pessoas vêm chamando de fascista. Eu discordo, acho importante não confundir a voz da personagem (que ao narrar, tornou-se principal) com a do filme. Sobre isso leiam a excelente crítica de Eduardo Valente no http://www.revistacinética.com.br/. Isto posto, algumas observações:
- Poucas vezes vi um filme que mexesse tanto com a platéia. As reações à saída do Odeon, e depois, na festa, eram as mais diversas possíveis. Mas eram sempre reações fortes. Uma conhecida produtora revoltou-se, teve gente que saiu do film no meio, outros chamavam Tropa de o melhor filme do ano... algo que estranhei foi o comentário de que o filme glorificava demais aquelas personagens, ou que seria uma ode à tortura. Não sei se teve a ver com as duas versões, já que na anterior, quando não era Nascimento (Wagner Moura) que narrava eu o achei absolutamente detestável. Mas o fato é que eu continuei a achar aqueles homens sem coração, sem muito discernimento e extrapoladores do respeito cívico (as torturas são barra pesada). Mas vi isso justamente sob a ótica inversa: aquela representação fazia com que uma pessoa de bom senso (to me achando isso, aqui) desaprovasse do comportamento daqueles homens, não o sentisse glorificado. Mas parece que estou em minoria.
- Tecnicamente o filme é impecável. O som é dos melhores que já vi no cinema nacional, a trilha, perfeita, e Lula Carvalho firma-se aqui como um talento que nada deve so de seu pai. O elenco em sua quase totalidade, impressiona, e Wagner Moura consagra-se, junto com a novela, como o ator que certamente marcará uma época no audiovisual brasileiro.
- Finalmente, a pirataria... bem, isso renderia um outro post e muito já foi dito. Embora Globo Filmes nenhuma tivesse gerado esta mídia toda, desconfio que no fim das contas os piratas roubaram sim uma parcela do público total. Mas isso só saberemos depois que o filme entrar em cartaz. Agora, é impressionante a quantidade de pessoas que já viram. Saímos depois em grupo, pela noite carioca, e entre nós estava Caio Junqueira, que também brilha em papel de destaque. As pessoas a torto e a direito o saudavem pelo seu nome de Bope: 06. Caio me disse que nunca em sua carreira de mais de 15 anos, onde fez muita televisão (Globo) foi tão reconhecido pelo público. Surpreendente.
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Na sexta fui à estréia de Nome Próprio, de Murilo Salles. Fiquei fã de Murilo quando ele abraçou Árido Movie, filme que produziu com poucos recursos e que fotografou com muita beleza e inteligência. Seu mais novo longa tem momentos muito impactantes, uma interpretação impecável e ousada de Leandra Leal, bons atores (revelados no filme), e uma fotografia digital rica e original. Mas o filme não sustenta suas 2 horas e 10 de duração. O roteiro, que parece tentar demais ser anticonvencional, não dá estofo a tanto tempo. Nem os textos de Averbuck (projetados ad nauseum) e nem mesmo a bela fotografia. Estou certo de que se Salles tirasse 40 minutos de seu filme, teria algo mais poderoso em mãos e com potencial de atingir seu público alvo. Do jeito que está, vai ser mais um filme brasileiro a ficar duas semanas em cartaz.
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No sábado sessão dupla: Nas Asas da Panair, documentário de Marco Altberg, é tocante e belo ao resgatar a história da cia. aérea que provocou paixão sem precedentes, e que foi injustamente aniquilada pela ditadura, numa violência contra as 5000 famílias que lá trabalhavam. Talvez tenha gostado tanto por razões pessoais: meu tio-avô, Paulo Sampaio, a quem minha mãe adorava (era gêmeo idêntico do avô que nunca conheci) foi presidente da empresa por muito tempo, fez dela sua vida e quase morreu junto quando os milicos barbarizaram. O filme é dedicado a ele. Vale conferir nem que seja a canção que Milton Nascimento fez para a Panair, e que Elis gravou.
Corri para o palácio para ver (para mim) o filme mais aguardado de todos: a estréia em longas de ficção do meu amigo querido Chico Teixeira: A Casa de Alice. Nervoso por ele, pela estréia, por tudo, entreguei-me completamente à impressionante obra de Chico, impressionante pela complexidade que se esconde sob a aparente simplicidade. Acho que é dos filmes mais sutís que vi em toda a minha vida. O não dito fala tudo, e o que se diz nunca sobra. Marcos Pedroso na arte e Mauro Pinheiro na foto estão em sintonia absoluta com um elenco totalmente desconhecida mas poucas vezes tão afiados. São atores ali, mas parecem existir MESMO. O filme acaba e você quer mais, e fica em seguida imaginando onde estará aquela gente agora. O que será daqueles meninos, daquela velha adorável e da nossa heroína da vida cotidiana. Palmas e mais palmas para Chico e toda a sua equipe, e para o elenco sensacional encabeçado por uma Carla Ribas em estado de graça....
E chega, preciso dormir!
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
174
Seguem a todo vapor as filmagens de 174, longa-metragem com direção de Bruno Barreto, onde sou responsável pelo making of (junto com a parceira Maria Resende). O longa é inspirado na história (real) de Sandro do Nascimento, que ficou famoso ao "sequestrar" o ônibus da linha 174 no RJ. Está sendo de imensa valia a experiência. É sempre um privilégio poder acompanhar de perto a realização de um filme em que se acredita, e neste caso acho que há potencial para um grande filme. O making of permite também o exercício do fazer cinema, e estou atento para filmar e entregar um filmete que seja mais que uma peça de venda, e sim o desvendar parcial da complexa maquinária do fazer cinema. E Bruno tem sido muito generoso, dividindo sem barreiras a sua própria experiência. Acredito neste filme porque a história de Sandro é emblemática e sintetiza inúmeras questões profundas deste louco país. Qualquer um que tenha visto o estupendo documentário de José Padilha sabe do que estou falando (quem não viu, corra, pois é uma das grandes obras de cinema da retomada). O roteiro de Bráulio Mantovani é bom pra c..., Bruno parece ter encontrado uma linguagem que casa bem com esta história e o ator que faz o papel-titulo arrebenta (o elenco como um todo também).
O meu interesse maior é na possibilidade de aceder a lugares e mundos que, de outra forma, me seriam quase que inacessíveis. A magia de se fazer cinema. Explorar os becos do Rio, nas mais diversas horas, é estar em contato com realidades que só confirmam para mim o quanto estamos alheios. É importante, fundamental eu diria, estar em sintonia com as mais diversas experiências e realidades, sobretudo num país com abismos como o nosso. Acabo de ver Cidade dos Homens. Confesso que me saturou um pouco esta realidade em particular (ou uma amostra de): o morro, o tráfico, etc... Em nada me lembrou o impacto, e o abrir dos olhos que Cidade de Deus me causou, há cinco anos... Bem, cinco anos se passaram e estes temas foram explorados ad nauseum. E meu interesse por eles também. Nos jornais, na literatura, na vida mesmo. E agora estou como que esgotado (não sei se o fato de estar filmando a vida de Sandro diariamente contribua, certamente). O que acontece é que sinto-me responsável, de certa forma, e impelido a fazer algo. Há cinco anos. Ao mesmo tempo sou um cidadão de bem, pago meus impostos, leva uma vida digna e correta, sou responsável pelos males sem fim? Que função posso ter? Ser artista não basta? Às vezes penso que sim, às vezes penso que não, às vezes me canso. Não parece haver solução. Ainda assim estou preparando um roteiro com a minha visão da coisa. Promete.
À margem de ter gostado do filme ou não (acho que esta estética deixou de ser novidade) é notável o impacto que Cidade de Deus e seus realizadores tiveram sobre todo um grupo de pessoas. Trabalhando no 174 isso fica claro pra mim. Criou-se um grupo, sobretudo de atores, que antes não tinham vez. Agora, eles tem esperanças. Tem um horizonte. Mudaram de vida. E à margem de sua representação nas telas ou de qualquer outro mérito, isto já é positivo e já é muito. Fernando Meirelles e sua turma fizeram alguma coisa. Fizeram uma diferença. E servem de exemplo. Como diria Raúl Gil, tiro meu chapéu.
domingo, 5 de agosto de 2007
www.naovoegol.com.br, Não voe ponto.
Já que estamos na época do tema aéreo... Gostaria de tecer mais comentários. Bem, a causa do acidente estreitou-se para o piloto e a máquina. O governo saiu um pouco de cena e infelizmente suas trapalhadas (e o caos aéreo) não abalaram, segundo Datafolha hoje, a popularidade do nosso "presidente do povo". Aquele que há três dias declarou que "não sabia" (do caos aéreo). O que é mentira (há registro de Lula falando sobre o "caos aéreo iminente" em 2002) e mesmo que fosse verdade só iria mais uma vez reafirmar o que já sabemos: temos um presidente que não sabe de nada que se passa à sua volta. Mas sabe TUDO dos governos anteriores.
Mas estou digressando(?) do assunto. Nos últimos meses viajei por todo lado, de todos os meios, e nas principais cias. aéreas brasileiras. Sofri bastante com o caos aéreo e tive problemas sérios com a Gol e a TAM. O que me fez lembrar de minha infância em aviões e aeroportos. Minha vida sempre foi desenraizada. São Paulo é um acaso para onde fui aos dois anos, e de onde estou quase sempre saindo para voltar outra vez. Por isso desde muito pequeno vou à Buenos Aires (onde mora a maior parte da minha família), ao Uruguai (lar doce lar de verão) e Rio, onde nasci, tenho família e eventualmente trabalho. Com os anos acrescentaram-se as viajens intercontinentais, constantes quando vivia nos EUA. Mas na infância o que me salta à memória é o quanto era agradável pegar um avião. Pra mim era um dia todo especial, ainda hoje é. Por mais que eu viaje mais e mais, que os trabalhos e lazer dividam-se entre cidades e países, uma estranha melancolia se apodera de mim quando vou viajar- mesmo que seja uma ponte aérea. Acho que carrego comigo a sensação de que deixo algo, que alguma coisa se termina- eu diria que é mais um daqueles momentos onde sutilmente se manifesta a passagem do tempo. E simultaneamente vêm um frisson do novo, do desconhecido, do que nos espera naquele outro lugar qualquer. Quando criança, tudo isso era realçado pela inocência, pelos tempos diferentes da infância, pelos tamanhos (tudo é maior e demora mais quando se é pequeno).
Me vestia sempre com a melhor roupa para pegar um avião, era como se fosse uma ocasião de gala. Preparava com cuidado meus "pertences pessoais". Depois sofria com meus pais, sempre atrsados e chegar ao aeroporto era um rally urbano cheio de tensão e ansiedade. Mas depois tudo era gostoso: a livraria do aeroporto, entrar no avião, voar e ver tudo pequininho lá embaixo... Me irritava às vezes porque sempre demorava pra chegar. Um vôo de 2:30h até o Uruguai tornava-se um fastídio depois que o almoço era servido. Hoje os vôos me parecem adeqados... e nos permitem um tempo de leitura, contemplação e pensar. Uma pausa do ritmo acelerado da vida.
Os assentos não eram maiores só porque eu era menor. É sabido que as empresas vêm acrescentando fileiras e mais fileiras à classe econômica (que é onde eu viajo) e em algumas delas é um malabarismo achar posição confortável no assento (idaí que eu sou bem alto?). E a comida? Hoje, quando existe é quase sempre intragável. Mas eu lembro do prazer de comer aquele sanduíche de presunto e queijo, com queijo em cima, que eram servidos na ponte aérea da era Electra. E de sobremesa um delicioso bolinho de coco. Para o Uruguai, tinha bife com aquele arroz amarelo, e toda vez eu me perguntava como podia ser amarelo o arroz. E o electra? Que maravilha de avião! Eu estava sempre torcendo para embarcar num dos aparelhos que tinham uma salinha atrás. Mas minha mãe gostava da primeira fila (que, invariavelmente, tem mais espaço pras pernas-- hoje em dia eles bloqueiam, para deficientes e crianças, mas chegando na hora e pedindo-- ou entrando por último no avião, sempre sobra).
A Varig sempre foi motivo de orgulho. Sofri mesmo com sua decadência econômica, mas a Varig nunca perdeu a pose. Em meio ao caos é a única empresa que ainda sabe tratar o passageiro. A Gol, ok, democratizou a aviação. Mas precisa contratar um megalote de funcionários subnormais, subnutridos e subpreparados, que nunca sabem responder a pergunta alguma ou responsabilizar-se pelos problemas dos passageiros? Eu achei que fosse uma exclusividade da Gol, mas descobri outro dia ser da TAM também.
Fui remarcar uma passagem para Buenos Aires. Telefono para o call center. A pessoa que me atende, evidentemente não sabia se era possível remarcar, que taxa existia, etc. Me deixou uma hora esperando, enquanto falava com o supervisor (e vc. fica ouvindo aquela gravãção insuportável!). Voltou e disse que sim, eu poderia remarcar pagando uma taxa e que esta teria que ser paga no mínimo 5 horas antes do embarque. Não pode deixar 2 horas, a pessoa pagando no aeroporto? Não, não pode. Lá vou eu, rush hour, para uma loja da TAM. Chego lá e a moça diz que não, que minha passagem não permite alterações. Antes, ela não achava meu bilhete. Eu havia levado apenas o localizador e ela não encontrava (a do call center deve ter dado errado). Eu falei, ok, deixa eu pegar no meu email. "Não temos internet aqui", ela mentiu -- e eu vendo o explorer bem na fuça. Eu insisti, ela pediu pra chefa que disse que não. Eu pedi pra chefa, Iumi, e ela disse que "eles não permitiam"... enfim, coisa de corporação. Minha paciência no limite, achou meu bilhete, disse que não podia. Eu reclamei, que no call center podia, tinham feito a reserva, etc... aí ela disse que precisava de autorização de um superior do call center... Foram ouvir a gravação da minha conversa! Pra encurtar, o trâmite demorou duas horas, porque nesse esquema corporativo ninguém pode assumir um erro, tudo precisa de sinidcância e foda-se o passageiro. Para cúmulo, no dia seguinte, ao embarcar, saímos de uma sala sem finger, ou seja, tivemos que subir no ônibus para nos levar ao avião. Como de praxe, esperei que todo mundo subisse no ônibus, fiz uma horinha e então subi. E lá ficamos, eu e mais uns 30 passageiros, por (juro) quinze minutos com a porta aberta num frio de 10 graus da manhã de SP. A mioria de pé, crianças e idosos inclusive. Eu me irritei (tava por aqui com a TAM) e fui falar com o funcionário da empresa. O babaca fez arzinho de superior e mandou entrar de volta no ônibus. Mandei ele praquele lugar.
Viajar de avião virou isso... uma humilhação, uma perda de tempo, enfim, um saco... Que pena!
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Acidente, Governo & Outros
Algumas coisas básicas que precisam ser ditas sobre o acidente: Trata-se, obviamente, de uma fatalidade. Seja lá qual for a causa maior, não houve intenção (a não ser que se tratasse de um piloto suicida numa cruzada contra a TAM) de ninguém (governo, TAM, pilotos, Airbus) em que aquela aeronave se espatifasse ali. É natural, porém, que a sociedade, frente a uma tragédia desta magnitude, busque responsabilizar os "culpados", para aliviar o trauma, e queira saber as "causas", para que fato semelhante não volte a acontecer.
Quanto às possíveis causas, estas já foram debatidas ad nauseum pela imprensa, pelos botecos, por São Paulo e o mundo. Tudo indica, ao meu ver, que foram várias as causas e que, somadas, propulsaram a tragédia. Acredito que nenhum fator, isoladamente, poderia ter causado um acidente daquela proporção. E quais são? O reverso: comprovadamente um avião pousa sem ele, em congonhas, com chuva. Mas numa situação de emergência estar sem o reverso pode ter sido crucial. Não o bastante para justificar o gesto ridículo do assesor de Lula e ex-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia. A Pista: Já sabemos que a pista é problemática. O que me chocou mais, foi saber ontem, pelo Fantástico, que a pista ficou mais curta ainda com a construção de um hotel a 600m da cabeceira... hotel de 11 (?!) andares. O que faz pensar, só no Brasil pode haver alguém tão estúpido que se disponha a construir um hotel na linha de choque de uma cabeceira de pista movimentada (imagine, além do perigo, o barulho!) e só no Brasil um orgão governamental qualquer que aprove semelhante barbaridade. O imbecil que o construiu indubitavelmente amargará um fracasso financeiro daqueles, isso se não derrubarem o prédio.
O piloto: este certamente vai pagar o pato. Está morto, não tem poder. Será um prato cheio para que a TAM, a Infraero, a Anac e outros usem como bode expiatório. O piloto, aparentemente, fez tudo certo. O avião tocou o solo no lugar certo e na velocidade certa. O que aconteceu depois é um mistério, que talvez seja decifrado pelas caixas-pretas (que na verdade são laranjas). É possível que, numa situação de emergência, ele tenha se enganado. Por exemplo, no caso de algum problema com os freios e pensando que não conseguiria parar o avião ele pode ter preferido arremeter tarde demais fazendo com que o avião explodisse no prédio quando poderia ter caído ao final da pista a uma velocidade menor, talvez matando os comandantes mas não a todos os passageiros. Teremos que esperar para saber.
O governo... bem, o governo... qualquer um que tenha viajado no último ano neste país sabe a trapalhada que é (e isso tudo ficou exposto no acidente da Gol, certamente vêm rolando a muito mais tempo). Num país de tamanho continental, mal servido por rodovias e transporte terrestre em geral, o crescimento da aviação foi uma bênção para toda uma parcela da população menos absatada que passou a voar nos últimos anos. Mas este privilégio virou pesadelo. Além do perigo eminente, hoje é mais conveniente pegar um carro de SP ao Rio, mesmo com os perigos da Dutra, do que arriscar-se a ficar seis, sete horas para chegar de um aeroporto ao outro (e agora, também com perigo!).
Os lulistas em geral adoram criticar a imprensa. Pois bem, agora mais que nunca há um consenso nela da incapacidade absoluta do governo de lidar com uma situação destas. Os lulistas dirão que há uma conspiração. Claro, tudo parece mais simples se visto desta forma. Mas não é bem assim. O presidente parece ter um problema sério em demitir qualquer um de seu grupo. O ministro da defesa demonstrou n vezes sua incompetência. A infraero é um desastre e está empestadada de corrupção. Congonhas ganhou uma vistosa e cara bombonierre antes que chegassem à conclusão gritante de que a pista precisava de reformas. A pista é entregue sem as ranhuras. Minutos antes da queda do avião, os técnicos da infraero liberaram a pista (depois de alertas de pilotos) sem de fato medir a lâmina d´água. Medir pra que? Eles não sabem tudo? E assim vai.
O presidente da Anac continua lá (foi condecorado inclusive!). O da infraero também. Waldir Pires agoniza. E Lula cala-se. Deeveria ter seguido o exemplo do governador Serra, que algumas horas após o desastre encontrava-se in loco para acompanhar os trabalhos e informar a população. Mas não, escondeu-se na granja do torto e apareceu três dias depois num comunicado piegas e populista, como é de seu costume. Nada pode arranhar a imagem do presidente. Em última instância, ele não deve ser responsabilizado. Por nada. Parece que no Brasil as coisas funcionam assim.
Quanto às trapalhadas... estamos tão acostumados que esquecemos. Mas vale lembrar a da ministra-botox, que virou piada de mal-gosto nos últimos dias ("Relaxa e morre"). E Garcia? Que papelão. Não foi capaz de fazer um pedido de desculpas. Sua justificativa reitarava a crença dele de que sua reação ao noticiário era válida. Vergonha... onde anda Boris Casói? A imagem que este governo passa é de que nada, nem uma morte, nenhum descaso, nenhuma tragédia, nada é mais importante do que a imagem do presidente e sua consequente posição de poder.
Vale lembrar que o stress que vêm passando os pilotos certamente foi uma das causas. E este stress é gerado pela incompetência dos controladores e o medo que ela causa. Sexta-feira vários aviões que vinham para cá tiveram que retornar aos EUA ao constatarem que sobre a Amazônia havia um imenso buraco negro (causado por mais uma pane no Cindacta!). Nenhum sinal, nenhum rádio, nada. A sorte é que eles ainda voavam sobre Cuba, Venezuela ou qualquer republiqueta bananeira similar (onde os radares funcionam). Porque, se estivessem voando sobre o Brasil naquele momento certamente entrariam em pânico. Isto é o Brasil, hoje.
segunda-feira, 16 de julho de 2007
Recordações presentes de um passado futuro
Hoje decidi escrever sobre algo que nada tem a ver com Cinema, artes, política ou coisa parecida. Aos meus 2(?) leitores que buscam isso, consultem os blogs de Kleber Mendonça, Rafa Gomes ou Cinética que indiquei em outro post. Hoje quero falar de meus ancestrais.
Não conheci nenhum dos meus dois avôs. Convivi até os dois ou três anos com meu avô paterno mas me vêm apenas a lembrança da imagem de um velho senhor numa cadeira de rodas, numa das muitas e amplas salas do apartamento onde ele morou com minha vó Mercedes. Dizem que, apesar da doença dele (Parkinson- já no fim) chegamos a ter algum intercâmbio- de afeto, palavras, não sei explicitar. Meus tios contam que certa vez eu irrompi na sala onde eles estavam, assustado, berrando "Vovô falou! Vovô falou!". E que eu, quando chegava na casa dos meus avós, logo tirava meus carrinhos de uma malinha e punha-me a trafegá-los pelo corpo inerte do meu avó (e não sei que reação provocava nele). Minha avó Mercedes, mulher deste, eu conheci bem. Éramos muito amigos. Passei inúmeras férias de inverno morando no seu apartamento em Buenos Aires (primeiro aquele enorme, com muitas salas, que me assustava um pouco- depois um mais charmoso na Av. Alvear). Em muitas destas ocasiões éramos eu e ela. Não esqueço nunca de um filme trash sobre marcianos com forma de lagartos que vi na cama com ela. Devia ter uns 5 anos, e aquelas imagens me apavoraram por muito tempo ainda. Lembro também que jogamos infinitas partidas de gamão e de jackete, um jogo praticado no mesmo tabuleiro e com as mesmas fichas mas completamente diferente. Até hoje nunca conheci alguém que não fosse da família que soubesse da existência do jackete (mas sei que não é invenção dos Braun). Vó Mercedes parecia uma criança quando perdia, e amargurada, se via obrigada a pagar-me os poucos dólares que apostávamos.
Minha vó Mercedes foi uma mulher bela e muito, muito distinta. No fim de sua vida sentia-se sozinha. Gostava de ficar horas ao telefone mas seus filhos não tinham muita paciência. Ela sempre me dizia que eles ficavam pouco quando iam visitá-la. Mas tinha um amor incondicional por todos eles. E adorava os netos, que, com meus primos, dividimos em dois grupos: os preferidos e os não preferidos (eu estava no primeiro). Os preferidos ela eventualmente levava para viajar (acho que foram umas três primas para a Europa) e dava presentes. Os outros ela criticava em segredo para nós ("Fulana está gorda!" "O namorado de sicrana se droga"). Quando falávamos do tal namorado (que, me enganei, era de uma das preferidas, minha prima Josefina, que Deus a tenha) ela me dizia que ele era um drogadicto (como se diz na argentina). Ao que eu, do alto de meus 17 anos respondi, "Mas vó, ele só fuma maconha". "Isso pra mim é droga", respondeu ela, em fúria.
Enfim, tínhamos uma relação aberta e de muita camaradagem. Sei de muitos dos segredos familiares graças a ela, que me os contava quase que sem restrições. Era com vó Mercedes que eu trocava cartas quando fui morar fora. E já no fim da minha estada de 5 anos nos EUA é que vó Mercedes faleceu. Um dia recebi uma ligação do meu pai, dizendo que ela estava muito mal e que seria melhor que eu fosse à Argentina. Liguei imediatamente para a Varig, torrei todas as minhas milhas e no dia seguinte empreendi a longa viagem da Califórnia à Argentina. Fui direto ao hospital mas ela estava inconsciente, toda entubada, respirando com a ajuda de aparelhos. Mesmo assim fui tomado por uma ternura extrema, e meu coração se apertou. Na sala de espera revia meus primos e tios tão queridos, e de tempos em tempos ia ao quarto espiá-la, na sua agonia dormida para preencher os pulmões com ar. Numa destas idas, ao pé do leito, ela deu seu último suspiro. Fui a única testemunha. Não havia aquele barulhinho de marcapasso típico de filmes, apenas o silêncio. Meus olhos encheram-se de lágrimas, apesar de sentir dentro de mim uma serenidade quase celestial. Encontrei-me com um primo no corredor e suspirei "Vovó partiu".
No dia seguinte carregamos o caixão dela, acho que seis de seus netos, todos belos homens feitos que a enchiam de orgulho. Estávamos todos alinhados, em ternos escuros, e tínhamos os olhos marejados. Ao passar pela portaria, o porteiro, daqueles argentinos elegantes, apesar de origem modesta, nos dirigiu um olhar também marejado. Imagino que nunca devem ter trocado mais do que um punhado de palavras por vez. Mas que a dignidade e o afeto os uniam mesmo assim. No dia seguinte haviam muitos avisos funebres, cheios de carinho (na Argentina existe esta tradição, entre pessoas da sociedade, de colocar avisos fúnebres).
Com minha avó Antônia, ou vó Tuninha, como a chamamos, a relação foi outra. Intuí desde cedo que não estava no grupo dos preferidos. Ainda assim, ela era mais carinhosa e expansiva que vó Mercedes. À primeira vista era o arquétipo da vó: Os cabelos brancos, com mechas de cinza, sempre penteados cuidadosamente numa espécie de coque. Elegantíssima, vestia tailleurs clássicos, sempre com algum lenço no pescoço ou alguma jóia. Nada ostensivo, mas reconhecia-se de imediato estar diante de uma mulher de classe e fibra. Até hoje gosto de espiá-la quando, de manhã cedo, faz seu penteado em frente à penteadeira antiga que tem em seu quarto, na fazenda onde mora metade da semana. Ou vê-la sentada, uma vez por semana, sob um daqueles aparelhos enormes (e no caso dela velho) onde as mulheres enfiam a cabeça, sabe-se lá pra que.
Impossível falar de vó Tuninha sem falar das coisas que a cercam. A começar pela tal fazenda, a Gruta, onde íamos sempre passar um feriado ou outro por ano. Uma casa de 1828, mobilidada como tal, tem-se a sensação de estar em outro tempo. E minha vó é de fato de outro tempo. Hoje com 89 anos, portanto nascida em 1912, ficou orfã aos 4 meses. Foi criada pelo avô, portanto por alguém que nasceu na médade do século retrasado! Isso não faz dela necessariamente uma pessoa antiquada. Na verdade, contraditória pois ao mesmo tempo em que preserva valores ancestrais, foi uma mulher à frente so seu tempo. Sempre. Herdeira desde o berço, aprendeu a administrar sua fortuna e as contas familiares, já que meu avô, que não conheci, era um aviador aventureiro e apaixonado. Ficou víuva dele muito cedo, antes dos 60.
Mudou-se de volta para Pelotas com a missão de retomar a administração de suas estâncias e salvá-las da ruína. Acordava cedo, montava em seu cavalo e ia para o campo junto com os peões, a quem ordenava com autoridade. Sendo o Rio Grande do Sul uma província machista por excelência, não deve ter sido fácil para ela impor-se no meio da agricultura e da pecuária, tradicionalmente um meio masculino. Mas nesta como em outras empreitadas, ela teve notável sucesso e provocava em seus empregados um misto de temor, respeito e afeto digno de um patriarcado caudilho.
Quando eu me dei por gente ela já não era esta mulher do campo, entregue então à administração da filha caçula, mas ainda assim era uma máquina de trabalho. Sempre às voltas com alguma coisa, fosse a restauração do museu local, uma grande recepção para um ministro ou a construção de alguma casa de filha ou funcionário. Sua casa na estância ainda é um ponto de referência em Pelotas. Só do meio artístico conheço uma dezena de pessoas que em algum momento foram recebidas por ela. Outro dia mesmo Paulo Autran me confidenciou, no camarim do Cultura Artística, que Antoninha havia oferecido a ele um dos almoços mais deliciosos de sua vida. Porque, além de tudo, é uma cozinheira de mão cheia. Até Ana Maria Braga foi parar na fazenda, com seu papagaio (quem quiser tenho uma história ótimo de minha vó com o papagaio!) para gravar diretamente da matriarca a receita do seu delcioso potinho, um doce feito com ovos e chocolate. Entre muitos filmes que lá foram rodados destacam-se O Negrinho do Pastoreio, com Grande Otelo, um da Xuxa e Mauá. Ela hospedou na casa Malu Mader e Paulo Betti. Deste, me disse "um homem extraordinário. Pena que seja petista".
Nos últimos tempos passei a conviver mais intimamente com vó Tuninha. Há mais ou menos uma década, quando chegou aos 80, ela dividiu, tal qual Rei Lear, suas terras em três partes, uma para cada filha. Como minha mãe não morava lá e era alvo de uma desconfiança enquanto à sua capacidade de gerenciar a parte que lhe cabia, vários administradores contratados por minha vó sucederam-se no mando do campo. Chegou a hora em que minha mãe decidiu tomar as rédeas da situação e intimou-me a ajudá-la. Senti que havia uma urgência e importância em seu chamado que fez com que deixasse temporariamente meus projetos artísticos de lado e me dedicasse, em meio período, aos assuntos do gado, da soja, das galinhas, enfim, da terra. Todo mês tenho passado uma semana ou 10 dias por lá e invariavelmente fico bastante tempo a sós com vó Tuninha.
Esta convivência tem sido extremamente enriquecedora e sei que as lembranças destes tempos acompanharme-ão até o fim da minha vida. Pois estou testemunhando de perto o fim de uma vida intensa, permeada de história e com elementos dignos de um romance de Somerset Maugham.
Vó Tuninha, nos últimos dois anos, caiu duas vezes e quebrou ambos os lados do fêmur. Hoje, sua mobilidade está bastante restita. Precisa de alguém que a ajude a levantar (da mesa, da cama, do sofá, do carro) e caminha lentamente, apoiada num andador. Isso a deixa visivelmente aflita. Para alguém que sempre teve poder, depender de outros para exercer seu direito de ir e vir parece ser uma condena implacável. Além da mobilidade física, ela vêm perdendo, aos poucos, o que se chama de lucidez. Vez por outra ela diz alguma coisa absurda (embora isso seja recente e venha em rompantes que passam). E em seguida pode dizer algo da mais cruel e absoluta lucidez. Pois sua doçura, aparentemente sem fim, é permeada, entre os íntimos, por observações cortantes sobre aqueles que a cercam. Estas vêm em rompantes que beiram a fúria. E eu, por ser alguém que não teme assuntos pôlêmicos (pelo menos não com as minhas avós) já fui testemunha de inúmeros. Já cheguei, inclusive, a provocá-los, divertindo-me em segredo.
"E fulano, vó?"
"Ah, que horror!" exclama ela, com sua inconfundível voz aguda. "Nojento! Fulano é um nojento", grita ela, com cara de asco. E eu rio internamente.
Nem sempre, porém, estes rompantes são agradáveis. Há, entre minha vó e minha mãe, uma tensão sutíl e permanente, fruto de anos de desentendimentos. E entre elas já fui testemunha de rompantes que prefiro não lembrar.
Vó Tuninha é uma personagem fascinante. Intensa, contraditória, amável e ultimamente terna como nunca. Nestes últimos tempos é como se, de súbito, me tivesse revelado toda a sua carência e vulnerabilidade frente ao que evidentemente é o final de sua vida. Desde pequeno a ouço dizer que quer ir embora (do mundo), que já está velha. Mas o que ela dizia sempre parecia incongruente perante aquele colosso (para usar uma palavra dela) de mulher, forte, altiva. Agora, suas palavras parecem verdadeiras.
Ao mesmo tempo em algum recanto meu suspeito que não sejam inteiramente verdadeiras. Quem quer realmente partir deste mundo, salvo os suicidas?
Mas ela parece estar indo aos poucos. E ser testemunha disto me enche de tristeza e ternura. Vejo como ela ainda busca ser útil ao mundo, sempre com uma sensação de dever a cumprir, enquanto costura qualquer coisa. Passa horas e horas arrumando fronhas antigas. "Não se deve desperdiçar as coisas", ela me diz.
E me conta histórias, fala da beleza do Rio Grande (como ela chama o Rio Grande do Sul), terra de homens valentes, justos e dignos. Nada pode lhe dar mais prazer do que qualquer coisa associada à sua terra com suas tradições. Só tia Rita.
Tia Rita, sua filha mais velha e descaradamente preferida, parece ser a única pessoa que a traz imediatamente ao presente. Que a distancia de seu passado longo e cheio, ou de seu futuro curto e incerto. É notável e comovedora a afinidade entre as duas.
Assim sendo tenho tido mais prazer quando vou a Pelotas. Em meio a reuniões com contador, advogado, fornecedores e demais adentro ao microcosmo que é a casa da minha avó. Com ela converso, tomamos chá (pontualmente às 5) e assistimos televisão. Vemos a novela, já que outra de suas alegrias é ver minha irmã, ao vivo ou na TV. E ela é a crítica mais ferrenha do trabalho de minha irmã. Certa vez, quando esta desempenhava seu primeiro papel na rede Globo, uma secretária de escola, minha avó desabafou:
"Fico furiosa com a Rede Globo. Como pode colocar a Guilhermina pra entrar, dizer qualquer bobagem e servir um copo d´água?".
Outro dia vimos Brokeback Mountain. Ela prestou atenção do início ao fim e compadeceu-se com aquelas figuras que chamou de tristes.
E assim nos tornamos mais próximos. Outro dia, quando fui lhe dar boa noite, ela me puxou e disse: "Meu Charly, fico tão feliz de estar te conhecendo melhor".
Mais uma das muitas lições que vó Tuninha há de me deixar: Nunca é tarde demais.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
RAPIDINHAS
Ando atrasado com estes posts... com relação à capa da VEJA de umas três semanas, a polêmica dos gêmeos negros (?!) eu ia escrever antes da polêmica instaurar-se. Para dizer que é absolutamente imprescindível a leitura de "Não Somos Racistas", de Ali Kamel, que ilustra bem o cenário que possibilita a aparição de episódios lastimáveis como este, o dos gêmeos. E conta sua história, da onde vêm tanta burrice endêmica. Que na verdade foi idéia de nosso ex-presidente FHC amplamente adotada por Lula. Desta vez VEJA acertou, temos que admitir. Mas leiam Ali Kamel. Ainda temos salvação (este país sempre terá salvação, há 500 anos!)
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É incrível como ainda acreditamos na salvação do país. Lastimável a situação no Senado, aquela casa de escroques que coloca figuras tão obviamente pilantras como José Sarney, Jader Barbalho e agora Renan Calheiros em sua presidência (ops, esqueci ACM!). Será possível que temos que nos contentar com Clodovil, que pelo menos nos diverte um pouco? Triste.
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Venho de uma trinca poderosa de filmes, todos muito diferentes: o alemão A Vida dos Outros (este vi no Uruguai, acho que ainda não estreiou por aqui -- foi o vencedor do Oscar de filme estrangeiro), o polêmico Zodíaco (que flui muito bem para suas quase três horas, mantendo o interesse até o fim) e o espartano Cão Sem Dono. Beto Brant surpreende sempre. Para o bem (embora não seja fã de Crime Delicado).
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