segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

FILOSOFIA BARATA

Faz tempo que não escrevo, e ainda assim surpreendo-me ao saber que algumas (poucas) pessoas lêem este blog. E agora, em meu primeiro dia de férias de facto resolvi encher um pouco de espaço do exíguo blog. Sabe como é, fim de ano, muitos pensamentos vêm à mente, fazemos quele balanço básico e nestas horas o mundo claramente se divide em otimistas e pessimistas, com poucas matizes. E hoje, enquanto caminhava por uma praia infinita, saído do povoado que já ameaçava ostentar seus veraneantes, rumo ao deserto que se descortinava, vi que este ano claramente me junto aos pessimistas. Aliás, sou um pessimista histórico. Chamado de garoto enxaqueca (personagem que não conheço, a não ser por pequenas amostras me feitas pelo Fábio Lucindo, que faz a voz do tal garoto). E aí pensei um monte de coisa, algumas das quais até escreverei aqui, apesar de serem basicamente lugares comuns absurdos... mas verdades nonetheless. Dentro desse pessimismo (exacerbado por um ano difícil, cheio de problemas familiares, traições e até morte) cheguei à conclusão que vivemos num mundo que emburrece. Um mundo que perde seus valores. Um mundo onde as pessoas estão cada vez mais fracas e egoístas. E eu que acreditava que vivíamos uma crise de valores estou absolutamente certo de que a crise econômica decorre destas crise maior de valores. Nunca se falou tanto em consumo, em mercado, em lucro... À minha volta casa vez mais ouço as pessoas falarem em coisas... Parece que o aburguesamento intelectual do mundo chegou a toas as classes: a aristocracia perdeu sua suposta inteligência e perspicácia e as pessoas mais pobres perderam um pouco aquela naivité romântica... Vivemos a democratização das novas mídias: estamos todos conectados rumo ao consumo desenfreiado. Eu sei que isso tudo é um clichezão da porra. Foda-se. Sinto o mundo à minha volta assim. E quando, consciente ou inconsientemente me recuso a participar deste grande mercado, me vejo sugado para dentro dele. Me vejo pronto para me vender. Vendo minha arte, meu talento, qualquer um deles. Quero consumir. Quero participar. Quero? Não sei. Temos opção? Aprendo a viver de leis de incentivo, tento viver razoavelmente de fazer pequenos filmes, vistos por públicos ainda menores e finjo que nada disso existe? Que o mundo não está ficando pior? Ou está? Não sei... sinto que não sei mais nada. Sinto que muitas coisas fogem ao meu controle mas reparo que à minha volta a burrice emana. Parece que quanto mais informação entra na cabeças das pessoas, menos espaço sobra para pensar. E pra terminar, num rompante de otimismo, quem sabe enfim esta crise não serve mesmo para reordenar os valores equivocados dos tempos modernos?