Faz tempo que não escrevo, e ainda assim surpreendo-me ao saber que algumas (poucas) pessoas lêem este blog. E agora, em meu primeiro dia de férias de facto resolvi encher um pouco de espaço do exíguo blog. Sabe como é, fim de ano, muitos pensamentos vêm à mente, fazemos quele balanço básico e nestas horas o mundo claramente se divide em otimistas e pessimistas, com poucas matizes. E hoje, enquanto caminhava por uma praia infinita, saído do povoado que já ameaçava ostentar seus veraneantes, rumo ao deserto que se descortinava, vi que este ano claramente me junto aos pessimistas. Aliás, sou um pessimista histórico. Chamado de garoto enxaqueca (personagem que não conheço, a não ser por pequenas amostras me feitas pelo Fábio Lucindo, que faz a voz do tal garoto). E aí pensei um monte de coisa, algumas das quais até escreverei aqui, apesar de serem basicamente lugares comuns absurdos... mas verdades nonetheless. Dentro desse pessimismo (exacerbado por um ano difícil, cheio de problemas familiares, traições e até morte) cheguei à conclusão que vivemos num mundo que emburrece. Um mundo que perde seus valores. Um mundo onde as pessoas estão cada vez mais fracas e egoístas. E eu que acreditava que vivíamos uma crise de valores estou absolutamente certo de que a crise econômica decorre destas crise maior de valores. Nunca se falou tanto em consumo, em mercado, em lucro... À minha volta casa vez mais ouço as pessoas falarem em coisas... Parece que o aburguesamento intelectual do mundo chegou a toas as classes: a aristocracia perdeu sua suposta inteligência e perspicácia e as pessoas mais pobres perderam um pouco aquela naivité romântica... Vivemos a democratização das novas mídias: estamos todos conectados rumo ao consumo desenfreiado. Eu sei que isso tudo é um clichezão da porra. Foda-se. Sinto o mundo à minha volta assim. E quando, consciente ou inconsientemente me recuso a participar deste grande mercado, me vejo sugado para dentro dele. Me vejo pronto para me vender. Vendo minha arte, meu talento, qualquer um deles. Quero consumir. Quero participar. Quero? Não sei. Temos opção? Aprendo a viver de leis de incentivo, tento viver razoavelmente de fazer pequenos filmes, vistos por públicos ainda menores e finjo que nada disso existe? Que o mundo não está ficando pior? Ou está? Não sei... sinto que não sei mais nada. Sinto que muitas coisas fogem ao meu controle mas reparo que à minha volta a burrice emana. Parece que quanto mais informação entra na cabeças das pessoas, menos espaço sobra para pensar. E pra terminar, num rompante de otimismo, quem sabe enfim esta crise não serve mesmo para reordenar os valores equivocados dos tempos modernos?
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Um comentário:
Grande Charly Braun !!!
Não sei como me deu de cara com o teu blog, navegando na web...
Tava pesquisando sobre o Charly Brown Jr e quando vejo....esses seus textos tão inteligentes..Parabéns!
Aproveitando para comentar o último, você tem toda a razão..esse mundo tá emburrecendo cada vez mais. Não aguento mais ouvir as pessoas falando em dinheiro, compras, viagens de milhares de euros, etc. Também sou pessimista com esse mundo, mas ~também não me estresso com isso porque sempre tive pessoas inteligentes ao meu lado, para conversar o que vale a pena e não essas avalanches de mediocridade.
Assim que tiver mais tempo, vou ler os outros textos do teu blog. Quando li este primeiro, já fiquei curioso pra ver o que tem mais...
Agora preciso ir...viver mais um pouco da minha simplicidade...to desde 28/12 aqui em Punta, em uma casa que meu pai alugou no bosque, na altura do hotel San Rafael. Uma loucura de Chalet..estilo suiço, sem cafonices e com muita paz e sofisticação. Minha namorada tá encantada com tanto sossego...os passarinhos cantando, o barulhinho da água que jorra nos jardins.
Não dá vontade de abandonar esta terra....
Um abraço
Felipe Weymar
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